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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Manual de urgência contra as birras

Poucas coisas como as birras conseguem pôr à prova a paciência e a serenidade dos pais. Podem acontecer em qualquer fase, mas a sua época por excelência é entre um ano e meio e os três anos. As crianças nestas idades são regra geral, muito expressivas, mas onde verdadeiramente isso se faz notar é quando decidem fazer uma berreiro: choram, gritam, dão pontapés nos móveis, cabeçadas contra a parede, ficam inchadas de raiva, passam de vermelho a azul… Enfim, não se poupam a esforços. E não é nada fácil para os pais permanecerem calmos.
Quais são os motivos? Nesta idade surgem os sentimentos de identidade, associados a uma vontade própria que começa a manifestar-se. E isso acontece numa etapa em que sendo as crianças ainda tão pequenas e dependentes, necessariamente, obrigará à vivência de várias frustrações. Querem mexer em tudo, querem fazer tudo, querem chegar a todos os sítios, e as suas próprias limitações físicas impedem-nas. Além disso, muitas das vezes querem pedir algo e não podem, porque a sua linguagem ainda é escassa e faltam-lhes as palavras (embora tenhamos, sobretudo as mães, uma capacidade assombrosa para descodificar o que nos querem dizer).
Devido à sua idade, ainda não compreendem muitas vezes as explicações. E mesmo que as entendam não lhes servem de nada. Não são como os adultos, que possuem já a capacidade de saber esperar para poderem concretizar os seus desejos. Mas, os adultos podem dizer a si próprios “Se não posso tê-lo ou fazê-lo agora, sei que o poderei ter ou fazer amanhã, ou no mês que vem” e, mais ou menos, são capazes de se conformar. Porém, as crianças, quando querem alguma coisa, querem-na imediatamente. É muito difícil ter de esperar.
E é por isso que as birras acontecem e é normal acontecerem precisamente nesta idade. São, entre outras coisas, uma manifestação de uma maior independência; as crianças querem fazer as coisas à sua maneira e não como lhes pedem. Ou seja, as birras estão relacionadas com processos de autonomização próprios destas idades. Mas o fato de serem normais não implica que sejam fáceis de suportar, sobretudo se acontecem em público.
O primeiro grupo de regras deve aplicar-se antes que a birra aconteça. Consiste em prevenir, sempre que possível: muitas vezes é fácil adivinhar quais as situações que as podem provocar e, consequentemente, escapar-se a tempo. Por exemplo, deve evitar-se o cansaço ou a excitação em demasia, parar com as atividades antes que a criança fique demasiado cansada ou muito excitada e, com isso, controlar as suas emoções.
Se, por exemplo, fica frustrada porque uma determinada tarefa ou um brinquedo são demasiado complicados para ela, podemos dar-lhe outra coisa para fazer ou guardar o brinquedo até que esteja preparada para brincar com ele. Ou ajudá-la a rodar o carrinho que resiste ou a encaixar a peça do puzzle.Às vezes as medidas preventivas não dão resultado, e rapidamente encontra-se no meio de uma sonora birra. Que fazer então? Comece pelo que não tem de fazer. Primeiro não perder a calma e recordar que está perante um comportamento normal, embora pouco agradável. A tarefa mais difícil quando se enfrenta uma criança muito aborrecida é controlar a nossa própria raiva.
É importante que os pais sejam um bom modelo de autocontrole, embora possa parecer difícil perante uma criança com birras freqüentes. Não deve bater nem castigar. Deve evitar a raiva e gritar mais alto que a criança. Também não é eficaz tentar o diálogo nesses momentos: a criança, embrenhada nas suas emoções, é pouco acessível ao diálogo quando está em pleno choro. As explicações podem ser oportunas, mas uma vez superada a crise. O que é absolutamente proibido é ceder quando a birra é fruto duma proibição dos pais que, por sua vez, acham ser a atitude mais correta.
Isto não quer dizer que seja inflexível. Às vezes podemos perceber que fomos demasiado rígidos ou que o desejo da criança, afinal, não era assim tão descabido À medida que as crianças crescem, e com a ajuda dos pais , compreenderão melhor as coisas e será mais fácil que se controlem de uma forma mais razoável.
As birras num local público põem os pais à prova, que às vezes não sabem como reagir. Se, pressionados pelo o que dirão as pessoas, aceder, por exemplo, em comprar à criança algo que não quer, da próxima vez fará o mesmo. Assim, tenha em conta o seguinte:
• O melhor é atuar como em casa. Deve colocar a criança num canto e esperar que se acalme. Se for necessário, pode levá-la para um local mais isolado e, sem aborrecer as outras pessoas (por exemplo, num restaurante) fecharmos a porta até que fique mais calma.
• Não se deve incomodar com o fato de outras pessoas presenciarem a cena. As pessoas sabem que é uma criança e, se alguém não o entende, esse é um problema que não é seu.
• Às vezes é possível prevenir as birras em público evitando confrontar a criança com situações que de certeza não vai suportar: um dia de compras demasiado comprido, por exemplo.
• Também se pode distraí-la. Uma grande ajuda é fazer com que participe numa atividade (não a deixar de lado), solicitando a sua colaboração e comentado tudo o que estamos a fazer.
Resta-nos acrescentar que conforme vão superando o imperioso desejo de conseguir tudo aqui e agora e porque sim, as birras irão diminuindo pouco a pouco.

(Revista “Bebê D’hoje“)

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